sem título | 13. 06. 13 > 13. 07. 13
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Mercedes Viegas Arte Contemporânea apresenta, a partir de 12 de junho para convidados e do dia seguinte para o público, a exposição "Daniela Antonelli - Morada", com trabalhos inéditos da artista: cinco desenhos em nanquim sobre pergaminho, filme plástico e papel vegetal; uma escultura, composta por um galho de árvore e uma malha feita por alfinetes e ímãs; e um objeto feito com espinhos, madeira, alfinetes, imã, pena, sementes, e osso dentro de uma caixa de acrílico.
Carioca nascida em 1981, Daniela Antonelli está radicada há três anos em São Paulo. Acaba de voltar de Nova York, onde passou dois meses pelo programa "Residency Unlimited", e em julho seguirá para Chichester, Inglaterra, para uma bolsa-residência de três semanas, promovida pela Fundação West Dean.
Seu trabalho parte do desenho e evolui gradualmente para o campo escultórico. "Busco o que é essencial, tanto em termos de suporte como de conteúdo", afirma.
Manuela Fantinato, historiadora, mestre em Literatura e doutoranda em História Social da Cultura, em texto sobre a exposição, afirma: "Das primeiras experimentações em que, como a bailarina da infância, traça pontos e linhas suaves que dançam e orientam o olhar para a busca da linguagem, às instalações que já dão conta de todas as dimensões de sua arte, o que se revela é a construção cuidadosa de uma morada". "Em seus primeiros passos de maturidade artística, essa exposição não marca uma chegada, mas revela a chave com que é possível abrir as portas desse espaço subjetivo".
Daniela Antonelli - Morada
13 junho | 13 julho
No ano em que Daniela Antonelli retorna ao Rio de Janeiro após temporada paulista entrecortada por uma residência artística em Nova York, essa primeira exposição individual na galeria Mercedes Viegas percorre o caminho oposto. Das primeiras experimentações em que, como a bailarina da infância, traça pontos e linhas suaves que dançam e orientam o olhar para a busca da linguagem, às instalações que já dão conta de todas as dimensões de sua arte, o que se revela é a construção cuidadosa de uma morada.
Como no processo cognitivo de uma criança que descobre o mundo da arte, são as cores primárias que levam Antonelli a errar acertadamente em movimentos curvilíneos sobre a superfície plana do papel. Trata-se de um devir-desenho que não busca formas, mas delicia-se no trajeto sem preocupar-se onde irá chegar, como uma pena flanando no sopro do vento. Quando o rés do chão em sua bidimensionalidade esgota suas possibilidades, naturalmente se levanta e descobre a arte a seu redor.
O artista não busca seu lugar no mundo, mas cria um mundo para dar conta do seu não lugar. Se o imã que usa para perdurar seus trabalhos de modo a dotá-los de dimensão espacial tem a propriedade da atração, aos poucos congrega outros elementos numa constelação de pequenos fragmentos onde as cores se misturam e cedem lugar à sensorialidade de materiais, texturas e profundidades.
Saindo de si, recorre à natureza e ao universo à sua volta para construir sua morada. Fora dela, tudo é arte a partir de seu olhar e da costura delicada de suas mãos. Pergamenas juntam-se a linhas, acrílicos, filmes plásticos e pedaços de galhos, criando as dimensões de um mundo concreto – o microclima, para usar o título de uma de suas obras – onde pode finalmente sentir-se em casa. Os materiais que elege para criar sua arte têm o peso de todo o universo, concentrando o que há de natureza e de esforço humano.
Em seus primeiros passos de maturidade artística, essa exposição não marca uma chegada, mas revela a chave com que é possível abrir as portas desse espaço subjetivo em que Daniela Antonelli deixa-se atravessar pelos elementos à sua volta para atravessar-se pela sua arte criando seu próprio lugar no mundo.
Manuela Fantinato