série nós.jpg

maria baigur

Maria Baigur, artista visual, nascida em 1981 em Salvador, Bahia, estudou na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e na Escola de Artes Visuais do Parque Lage ( EAV ).

Com a instalação [ à toa ] foi vencedora do II Prêmio Reynaldo Roels Jr. em 2016, realizado pelo Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e pela EAV.

Em 2019, foi selecionada para a 10 prêmio Diário Contemporâneo de fotografia, realizado no estado do Pará. E Em 2021 foi vencedora do XVI Prêmio Nacional Marc Ferrez de Fotografia realizado pela Funarte.

Sua pesquisa, tem buscado a interseção entre fotografia e objeto, e seus desdobramentos em instalações e histórias.

Vive e trabalha atualmente no Rio de Janeiro, Brasil e é representada pela Galeria Mercedes Viegas.


Projeto: NÓS - Maria Baigur - Ano: 2020 / 2021

Projeto: NÓS - Maria Baigur - Ano: 2020 / 2021


Projeto “ NÓS”.

Autora: Maria Baigur Ano: 2020/2021

É importante começar essa história de algum lugar, mesmo que arbitrário - Heloisa Buarque de Hollanda Nós, é um encontro entre a fotografia e a poesia.

Partindo de um primeiro recorte: livros de poetas mulheres, ou mulheres escritoras de poemas, não apenas brasileiras, mas uma antologia multipla, sinfônica e sem hierarquia de Autoras que são impactadas pelos feminismos, e autoras que impactaram gerações e ondas feministas. Chegamos ao segundo recorte: Fotografias de corpos experimentando movimentos possíveis em um espaço delimitado por um pequeno quadrado branco no chão.

O trabalho experimenta então pensar o corpo da poesia, materializada na página do livro em relação íntima com os corpos que são sujeitos e plataformas na fotografia. As formas arredondadas dos corpos, e o formato/métrica de cada poesia acumulam tensão nos vértices do quadrado da moldura e então, restritos a um pequeno espaço de 12 x 12 cm precisam se reconfigurar para existir, para não “trincar”. As Fotografias e as páginas originais dos livros são então rasgadas, e fragmentadas, podem se tornar talvez mais inteiras. Mais nós.

Para sustentar o peso deste recorte de poetas, artistas e corpos, que inclui muitas vezes fora do eixo dominante heteronormativo e branco, e de diferentes gerações: vozes negras, trans, indígenas, estrangeiras, lésbicas, a montagem proposta é feita de forma bastante simples, equilibrada, sem hierarquia, para que no conjunto note-se um ethos comum, uma ressonância de temas, ligando uma poeta à outra, um corpo ao outro, formando este grande corpo/poema. Nas paredes laterais da Área 1, as 96 obras, distribuídas igualmente entre as duas paredes laterais, em intervalos iguais, formam uma instalação imersiva e na parede central os nomes das poetas serão adesivados, sem ordem específica.

Diante de uma quarta onda feminista desde 2013, com muitas perguntas e descobertas politicas em todo o mundo, e a partir de 2015 de forma mais intensificada, me pergunto sobre o projeto de esquecimento proposital da contribuição das mulheres em varios campos do saber e das artes. Nós não pretende ser um panorama da poesia escrita por mulheres, e sim, um recorte, ou edição, um grande sarau, trazendo estes corpos ( dos poemas e das fotografias) como significantes poéticos na operação de quebrar o ritmo deste esquecimento, passar um bilhete às próximas gerações: estivemos aqui.


obras

 

exposições relacionadas