coletiva | 10. 12. 20 - 30. 01. 21

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A Galeria Mercedes Viegas apresenta a sua última exposição do ano, nove horizontes. Reunindo seis pintoras e três pintores entre seus 26 e 39 anos de idade, a mostra apresenta nove caminhos recém-traçados na pintura contemporânea brasileira. nove horizontes estará aberta a visitas agendadas entre os dias 10 de dezembro de 2020 e 30 de janeiro de 2021. O horário de funcionamento é de segunda a sexta, das 13h às 18.30h. Telefone para agendamento: (21) 96736-5295.

Artistas participantes:
Bruno Dunley • Camile Sproesser • Cela Luz • Cristina Lapo • Duda Moraes
Elvis Almeida • Goia Mujalli • Luiz d’Orey • Maria Lynch

A seguir, um trecho do livro “Olhar À Margem”*, de Luiz Camillo Osório, que serviu de inspiração na concepção de nove horizontes:

" Desde pelo menos a década de 1960, foi se formando um consenso de que experimentação e pintura teriam se divorciado completamente. A pintura teria perdido o 'trem' da história, tornando-se uma prática repetitiva, tradicional e sem surpresas. […]

A arte pop caracterizou-se por uma efetiva inserção das técnicas de reprodução e projeção de imagens no universo das artes visuais. A fotografia, o super-8 e o vídeo tornaram-se meios mais acessíveis. Cada vez mais a captação de imagens através de procedimentos técnicos foi suplantando os processos de figuração produzidos pela ação do homem sobre uma superfície. De que modo o pensamento sobre o visível resiste à forma constituída da imagem e ainda se deixa mobilizar pela força constituinte de um acontecimento pictórico? A experimentação pictórica procurando situar-se no momento precário de constituição da visibilidade, do tornar-se visível.

Mas essa especificidade da experiência visual que requer um olho que vai se formando junto ao tempo do acontecimento pictórico foi sendo negligenciada pelo ritmo vertiginoso das imagens tecnológicas. A questão é menos de recuo a um olho contemplativo e mais de uma pergunta sobre o que de fato se pretende ver no ritmo frenético e inflacionado de imagens. Como resguardar um vinculo entre o olho e o espírito se não há retenção, sedimentação, decantação? Ainda faz sentido no mundo atual a reivindicação de um olho que pensa? Como seria esse pensamento? Não se trata de negar os novos meios tecnológicos de produção da imagem, mas de podermos pensar o visível para além deles, de sua imediatez e sedução. […]

A pintura é uma reserva diante da manipulação desenfreada das coisas. Um dar-se do mundo para o olho, que também o produz, assim como um dar-se da verdade ao pensamento, que também a inventa. Sem nostalgia de nenhuma ordem, a dimensão experimental da pintura é a perseverança de uma espera criativa."

*OSÓRIO, Luiz Camillo. Olhar À Margem. São Paulo: SESI SP Editora, 2016, pp. 129 - 133.

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